terça-feira, 17 de abril de 2012


O Linkador
http://www.olinkador.com/2012/04/matematica-do-assalariado-por-carolina.html

Apesar do desconforto em fazer propagandas, é inevitável.
Meu texto está concorrendo no blog acima, aliás um blog bem interessante, que abre espaço para a literatura.
Aos que se interessarem:
Clique no link que direciona ao texto, leia, e se gostar vote! Um dos critérios para a escolha do texto é o número de votos dos leitores.

sábado, 14 de abril de 2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A sua hospitalidade


Se num alvorecer nevoento
O ar do quarto estiver sufocativo
Roupas jogadas no chão poeirento
E o amor for um paliativo

Se nossa dança for algo sem nexo
Bela e frágil como porcelana
Se o quarto cheirar cigarro e sexo
Abramos uma fresta na veneziana

Deixemos o rasgo do dia invadir
Sintamos, prodigamente, a nostalgia
Ao vermos escorrendo a noite partir
E a atmosfera quente ficar fria

Se de manhã eu for um estrangeiro
De quem você não entende a linguagem
Que por seu corpo passou, como um romeiro
Em busca do que é somente miragem

Eu serei sempre um grato andarilho
A quem deste alimento e amor
Que volta a sua terra pelo mesmo trilho
Quando chega o outono e finda o calor!

Por: Carolina Rieger Massetti

quarta-feira, 14 de março de 2012

Na terra dos desesperados


Sobre os ombros o fardo
Quanto mais ando
Mais e mais eu tardo!

O solo é anfractuoso
austero, é áspero
Num caminho ruinoso!

Às vezes corro, acelero
Às vezes exausta,
Ofego e espero!

E quando tropeço
sigo em passos trôpegos
De cair me impeço!

E aqui o tombo
Na terra dos desesperados
É ter pisoteado o lombo

É ser na multidão engolido
É o escárnio
No escombro caído

Por isso eu corro
Por todo esse desvão
Por aqui não há socorro!

Meu igual me engole
Bebe meu sangue
É voraz! Gole a gole

Eu engulo a dor, é a sina
Eu corro e suo
Encho sua conta, sua piscina

O tempo me engole
Bebe meu sangue,
É calmo! Gole a gole

Eu ainda corro,
Não tenho fome
Não peço socorro

Tenho alimento à mão
E dele como com fartura
Na minha terra o alimento é a ilusão!

Por: Carolina Rieger Massetti 07/03/2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dentro, o Sol

Escorre em torrente
Do seu corpo quente
Salgado suor!

Sinto estremecer
Seu langor nascer
Seu corpo maior!

Tênue o seu lábio
Em um agir sábio
Recosta-se em mim

Desliza a sua mão
À inferior região
Toca meu jardim

Mergulha o regato
Mergulho insensato!
E quer se fartar

Arde-nos, é Febo
No verão te bebo
Devoro! Em meu mar!

Carolina Rieger Massetti
17/07/2008

Incessantemente


Busco-me
Nestas páginas
Nestas linhas
Nas palavras
Nas entrelinhas...

Busco-me
No omisso
No latente
No ignoto
No entorpecente

Estarei no paradoxo
Do que foi dito e impensado
E em todo pensamento,
Lamentavelmente calado

Busco-me
Entre o refulgir do meu ideal
E minha caminhada inversa
Trânsfuga de mim!!!

Busco-me
Nos defeitos
No desfeito
No afeito
Nos trajes, nos trejeitos
Em todo aposento
No que me aflige
No que te aflige
No meu olhar que finge
Vasculhar o seu olhar
E busca a si mesmo
Narciso em desespero
Em busca d’um espelho
Aonde vai se mirar!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Trecho do conto "Foi o trigésimo terceiro - O calvário"

V
Dormimos entrelaçados, nus, nossos corpos se complementavam, era a reconfiguração da matéria!                                               
Estava prestes a amanhecer, eu despertava em sobressalto vez ou outra, tateava seu corpo testando a realidade das coisas. Ainda estava ali!
Ele disse que sofria de insônia, mas naquele amanhecer ele estava curado e ressonava enquanto minha cabeça em roda me impedia de dormir, eu que nunca sofrera de insônia! Se eu impedisse a hora da partida, se eu bloqueasse a clepsidra que rege o universo, teríamos a eternidade e não haveria dor.
Mas, o despertador tocou, tínhamos que ir! A metamorfose se pronunciara, já estávamos separados, precisávamos falar para que pudéssemos nos entender, o expressivo silêncio falhava!  Já corríamos o risco de nunca mais nos entendermos porque a linguagem é treda, dela entendemos apenas a nossa própria história e, raramente, a do outro que narra. A linguagem traí...
Eu já estava ensaiando o que dizer, tinha que parecer interessante para que ele voltasse sentindo minha falta, mas toda vez que eu tentava ser interessante minha voz saia entrecortada, dava até gagueira, minhas mãos transpiravam, podia mesmo tropeçar. Em frente ao espelho eu estava assombrada com a minha pequenez, tornava-me uma criança desamparada e tola, e rogava a ele em silêncio que de mim cuidasse, que não me deixasse órfã!